

- Apesar de assumir algumas responsabilidades no trabalho e na vida e de já haver atingido alguns "objetivos" pessoais, sinceramente, não me sinto como uma pessoa de 30 anos, pelo menos do que imaginava de uma pessoa desta idade quando era menor.
- Imaginava que com 30 anos, já estaria casado, com barba, um par de óculos "careta", uma vida já definida profissionalmente, com filhos, falando sobre coisas que ainda acho chatas e sem graça e, pior, que estaria gostando disso.
- Achei q não teria mais nada a descobrir, a empreender, a desafiar, a mudar. Porque não?
- Quem sabe por que essa imagem foi colocada a minha cabeça pela cultura de nossa cidade ou do meio onde vivo. Meu pai, por exemplo, aos 30 já tinha dois filhos. E era totalmente auto-suficiente, um pai de família na acepção completa da palavra, com tudo o que isso envolve. E demonstrava e demonstra até hoje extremo contentamento com essa condição.
- Não estou dizendo aqui que eu seja um irresponsável. Definitivamente não! Tenho meu trabalho, que me dá a oportunidade de ter as coisas que quero e de tomar minhas decisões de maneira TOTALMENTE independente.
- Tenho tranqüilidade de desenvolver um trabalho de qualidade para meus clientes. Mas as vezes me vejo numa vida a qual não me sinto definitivamente "encaixado", ou melhor, que não me completa. Tenho muito prazer no desenvolvimento da minha atividade profissional, mas vejo muitas outras possibilidades, outras coisas que me interessam, que me inquietam e ainda quero fazer tudo ao mesmo tempo.
- Vejo alguns colegas dos tempos de colégio da mesma idade que eu e que parecem senhores de 50 anos. Com a cara fechada, roupas correspondentes. Valores totalmente diferentes. Ainda conversamos, mas já não falamos a mesma língua. Me frustra a "perda" do amigo. Mas sinceramente dou graças a Deus por não estar igual a eles. Eles, com certeza, devem dar garças a Deus por não estarem igual mim. È justo.
- Aos 30 me sinto livre, mas sabendo coordenar melhor essa liberdade o que amplia meus horizontes e minhas possibilidades. Se tivesse escolhido outro caminho estaria, com certeza, mais limitado.
- Hoje sou um híbrido, me sinto cheio de energia, antenado, curioso, apaixonado, colorado, entusiasmando. Porém aprendendo a tomar as coisas com mais calma, degustar mais, planejar mais, economizar mais, pensar duas vezes, contar até dez.
- E esse é meu dilema no momento. Tenho coisas de um adolescente e coisas de um homem já "quase maduro". Não me encontro "nem lá, nem cá".
- È nos 30 que começamos a perder a velocidade da juventude, porém, ainda jovens. Afinal, o que significa fazer 30 anos? O que é um número? A única coisa certa é que seja lá qual for o dia da minha morte está mais perto. Perdi alguns anos. Mas aprendi a aproveitar os que restam com muito mais qualidade. Acho até que foi uma boa troca. Aliás, esses 30 foram muuuito bem vividos, Não faltam histórias, experiências, amores, lembranças, saudades. E segue a vida...
Semana retrasada me deparei com algo revoltante. Ao abrir o jornal Zero Hora, vi que figurava na seção destinada a opinião dos leitores uma carta ensandecida de um funcionário público-federal , bradando aos sete ventos suas mágoas para com o Rio Grande do Sul. A famigerada carta é composta por reclamações incessantes sobre o Rio Grande. A queixa de maior destaque é sobre o churrasco gaúcho, sendo este um dos maiores engodos que ele conhece, além de escrever que ‘’o Gaúcho é muito menos do que pensa ser ‘’. É perceptível que o nosso amigo metropolitano não deve possuir muitos amigos aqui, e também é visível a necessidade dele de adquirir uma churrasqueira, afinal perambular por churrascarias não tem dado muito certo... Ouvi amigos e conhecidos proferirem palavras de ódio e repúdio em relação ao autor desta blasfêmica carta. Mas eu não consigo expressar ódio pelo dito cujo, apenas um pouco de pena. Pena pelo fato de ele ser um estranho no ninho, solitário em um ‘’mundo subdesenvolvido’’, por ele justificar o fato de sua filha não ser convidada para festas por ser ‘’paulista’’. Talvez a inocente menina não saiba o pai que tem e porque não é convidada para as festas, compreensível... Convido nosso amigo ‘’super-evoluído—metropolitano-especialista em carnes’’ para um churrasco de despedida em minha casa, garanto de que não irá arrepender-se...Bom, é assim que me despeço,no alto do meu orgulho e educação, provenientes de uma terra hospitaleira, repleta de tradições e marcos históricos, composta de um povo aguerrido e bravo, que suas façanhas são modelo para toda terra. Adeus e boa sorte com os engarrafamentos, stress, poluição, mal planejamento urbano, assaltos, seqüestros...