quinta-feira, 10 de junho de 2010

Somos aquilo que ouvimos.


A sensação que às vezes tenho é a de estar dentro de um pseudoarraialtrashrocksertanejopopuniversitário, cada vez que algum carro rebaixado, com potentes auto-falantes entoando músicas com refrões quase que escatológicos como “você se retorce feito cobra mal matada” ou “em uma noite estranha a gente se estranha” passa por mim na rua sinto algo parecido como se alguém estivesse fazendo acupuntura nos meus tímpanos. Nada contra quem quer escutar isso, apenas peço encarecidamente que utilize aquela invenção maravilhosa chamada fones de ouvido, ou simplesmente escute em volume audível para o ouvido humano.

Duplas de sertanejo universitário (e achavam que o axé era o fim) e bandas emo,pop punk,pop rock, e sei lá o que possam definir-se, se proliferam com tamanha rapidez e eficiência, que chegam a dar inveja em qualquer erva daninha. “Músicas” de bandas com componentes de calças coloridas e apertadas (estilo Chapolin colorado) usam franjas metodicamente postas na frente de seus olhos e bradam aos sete ventos refrões pueris e totalmente vazios (vide Cine, Restart, Fresno...) de certa forma deterioram o “pensar” e programam o “agir” da maioria de jovens sedentos por refrões fáceis e letras descornadas, isso tudo baixado quase que instantaneamente da internet. Eu sei que pode soar como preconceito, mas apenas expresso minha solidariedade para com uma geração que se conforta com a banalidade enquanto o mundo oferece infinitas outras alternativas.

Após estes dois parágrafos de certa prestação social, apresento uma solução, quer dizer uma não, mas sim uma vasta gama de bandas de rock e cantores de MPB que concentram mais talento em seus dedos mindinhos que qualquer dupla pseudosertaneja ou banda emopoprock. A internet é uma Woodstock(entenda-se como um festival de vários tipos musicais) de proporções universais, nela existe uma variedade imensa de bandas excelentes, com exímios músicos e fantásticas letras. Mas porque é tão difícil para estas despontar no estrelato? Esse fenômeno é constante na história da música, não só brasileira, como mundial, artistas que conseguem grudar uma letra na sua cabeça, rendem mais que artistas que fazem sua cabeça pensar. Simples, tudo se resume às boas e velhas cifras($). Mas o que me preocupa é o Brasil, por que pelo ritmo que andam as coisas temo que um dia restarão apenas toques polifônicos.

Bandas emergentes como Cartolas, Volantes, Pullovers,Móveis Coloniais de Acaju,Facas voadoras (recomendo todas, e muitas outras)que estão a um bom tempo no cenário underground,mas agora começam a aparecer com mais altivez na mídia, mesmo assim a proporção de divulgação é ínfima comparada a de comercias duradouros na TV aberta e aparições dominicais no Faustão(pleonasmo). A luta continua meus caros! Para cada Luan Santana ,cada Parangolé , cada Cine , irão levantar-se outras centenas de bandas e artistas independentes que tocam em barzinhos e recônditos Pubs. Com estes, milhares de ouvidos e mentes sedentos por algo que vá muito além de danças de acasalamento, algo que nos represente como seres pensantes que somos. Se alguém que leu este post sentiu-se ofendido, comece a pensar de fato ou volte para a saga Crepúsculo, para Caras ou simplesmente dance o rebolation.

8 comentários:

  1. Simplesmente fantástico...tomara que tua voz seja escutada por aí, e conscientize alguma alma vivente(ou não-vivente).

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  2. bom texto.
    complementando...
    http://ossujos.blogspot.com/2010/05/culto-e-grosso-mais-vale-um-na-mao.html


    um intrometido.

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  3. grande Pedrão, muito bom mesmo o texto.
    realmente é um caos essas musiquinhas!
    Adorei!

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  4. Bah muito fera esse texto meu... é bem isso que está acontecendo. é por causa dessas influências e de outras que estamos vendo o adolescente cada vez menos pensantes, no sentido de pensar nos seus atos e no seu futuro. Falo!

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  5. É exatamente issoo! ¬¬ Quanto a parte das "danças de acasalamento" não pude evitar os risos. Bem retratado! :)
    Muito boa a repaginada do blog! o/

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  6. Tchê,simplesmente a expressão exata do meu pensamento.Percebe-se uma constante de choro e "descornamento" na mente desses pobres compositores.Assim fica muito fácil fazer música pela terrinha tupiniquim!!

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  7. Boa Pedro!
    Retiro o seguinte trecho para comentar "...artistas que
    conseguem grudar uma letra na sua cabeça, rendem mais que artistas que fazem sua cabeça pensar".
    É exatamente isso. Seria culpa do capitalismo? Seria talvez porque o que nos faz pensar e refletir suscita numa certa revolta, eu diria, contra o sistema? É bem mais cabível promover músicas que não só são vazias, mas que também vão alavancar vendas no setor mais colorido das lojas.

    Era isso meu caro, sabes que adoro o blog e as ideias de vocês!

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